2010-12-20-Costituzione-Centro-Provinciale-Vocazioni-PT
Roma, 20 /12/2010
Instaurare
omnia in Christo!
Assunto: criação do
Centro Provincial Vocacional
Caríssimos Diretores Provinciais, Vice-Provinciais, Superior Delegado
e para conhecimento a todos os Religiosos da Pequena Obra da Divina Providência
O nosso XIII Capítulo Geral deu
particular atenção ao tema das vocações (cf. 13CG, 103-111) e deu ainda
uma
indicação concreta, a de se criar o Centro Provincial Vocacional. Até
agora,
pode-se dizer que todas as nossas comunidades manifestaram um interesse
pelas
vocações e algumas também expressaram esse interesse com iniciativas
apropriadas. Escutando as intervenções dos Padres Capitulares,
percebeu-se que
a preocupação é ainda maior, pois o Capítulo considerou esse tema de
modo
integral, para dar uma resposta mais incisiva. Ocorre de fato que o
nosso
compromisso pelas vocações seja mais bem coordenado, tenha continuidade
e
abrace todos os aspectos da nossa vida, de modo que ele se torne uma
“cultura
vocacional”. Para tanto quero recordar a todos os Superiores das
Províncias,
Vice-Províncias e da Delegação Missionária que assumam de coração,
durante as assembleias
de programação ou quanto antes, o projeto de criação do Centro
Provincial Vocacional,
segundo as indicações dadas na Dec. 26 do XIII Capítulo Geral (cf.
13CG, 1)
Cada
Província, segundo a própria situação, organize o Centro
Provincial Vocacional que, sob a orientação do Diretor Provincial
e a responsabilidade de um conselheiro, tenha o encargo de programar de
maneira
criativa e de desenvolver uma constante e eficaz promoção
vocacional, no contexto da Pastoral e
conjunto (cf. Normas 61).
O Capítulo valorizou o que já se
faz de melhor atualmente: a oração pelas vocações, as escolas e os
cursos
preparatórios para os formadores realizados em algumas províncias e o
emprego
de novos instrumentos para um autêntico itinerário proposto aos jovens
em suas
caminhadas. Ao mesmo tempo expôs algumas sérias preocupações, por
exemplo, a de
não haver em
nossa Congregação um “projeto estratégico-pedagógico
de promoção
e acompanhamento vocacional dos jovens”, existe “um como que
relaxamento
e falta de participação por parte de muitos religiosos”; não
raramente
aparece uma “má vontade para acolher os jovens nas comunidades porque
eles
perturbam nossos programas” e também aparece “um
abandono da marcha por parte de tantos religiosos de profissão
temporária e mesmo da perpétua”. (Cf.
13CG, 105)
Depois de ter feito a reflexão sobre a questão no
seu conjunto, o
Capítulo apresentou indicações precisas: linhas de ação e decisões.
Elas,
porém, para atuação, terão necessidade de alguém, ou algum órgão, que
as
coordene de modo ordenado e constante. Esse alguém só poderá ser o
Centro
Provincial Vocacional (cf. 13CG, 110), guiado pelo próprio superior
provincial
e sob a responsabilidade de um conselheiro.
Para Dom Orione, que todos nós reconhecemos
como o santo da caridade, uma das expressões essenciais da caridade era
o carinho
para com as vocações: “Uma
grande parte da nossa caridade devemos exercitá-la no cultivo das
vocações” . O verdadeiro
motivo do interesse de Dom Orione
para com as vocações era o fato que as vocações são a condição para que
continue
vivo o nosso carisma: “As vocações de meninos pobres ao sacerdócio
são, depois
do amor ao Papa e à Igreja, o mais querido ideal, o sagrado amor da
minha vida.”
Lemos num apontamento
deixado por Dom Orione: “Tu sabes muito bem como eu insisto sempre
neste
assunto das vocações. É que eu, repare bem, quero ser o santo das
vocações e do
Papa”.
Dom Orione, em sua carta do dia 02/05/1920 endereçada a Dom Pensa, escrevia que os grandes
santos, como São Paulo, São Vicente de Paulo, São Francisco
Xavier, São
José Benedito Cottolengo e São
João Bosco,
sem a caridade não teriam feito nada. “É o Espírito de Deus, que é
espírito
de celeste caridade, que deve nos levar a cultivar nos jovens as santas
vocações
religiosas e os futuros Sacerdotes, porque‚
tantas escolas, tantos esforços pela renovação das almas, dos povos e
das obras,
não florescerão jamais se não houver Sacerdotes, e se não houver
religiosos. Que
faremos nós, que vamos envelhecendo e já nos sentimos quase acabados,
se não tivermos
continuadores? Eu penso nisso dìa e noite, e não lamento tanto as
nossas
fraquezas humanas, quanto o ver a crise que há na Igreja em matéria de
vocações. Ah! São Vicente de Paulo se vendeu para
resgatar um cristão escravizado, e nós ficaremos indiferentes e frios
diante do
desafio para dar à Igreja e às almas bons Sacerdotes que continuem o
apostolado
de Jesus Cristo para dar à nossa Congregação muitos e santos filhos,
que sejam
capazes de continuar as obras por nós iniciadas com a ajuda que Deus
nos deu? E
deixaremos de trabalhar para preparar os novos lutadores da fé e da
caridade, a
serviço da Igreja e das almas? Uma grande parte da nossa caridade nós a
exercemos
ao cultivar as vocações. Rezemos a Deus para que nos mande boas
vocações e para
que suscite santos e piedosos Samuéis para o Santuário.
Testemunhas
e narradores da vocação
Antes de tudo, é preciso recordar que é Deus
quem suscita a vocação,
mediante o testemunho. No Evangelho de João se lê que André, depois de
acolher
o convite de Jesus para vir e ver, deu testemunho a seu irmão Simão
(Pedro) e “o conduziu a Jesus” (Jo 1,40-42). O empenho
de testemunhar a respeito de Jesus continua nas pessoas dos cristãos e
especialmente
dos religiosos que o imitam em sua forma de vida terrena (pobre,
celibatário e,
obediente, em vida comunitária.
Do ponto de vista humano, a vocação requer um
ânimo bem disposto a
seguir Jesus e essa disposição é facilitada, se os que sentem a voz do
Senhor
encontram em seu caminho um testemunho
que tenha credibilidade. Cada um de nossos religiosos, sacerdotes ou
irmãos,
encontrou alguma testemunha que fez brotar a sua vocação (seus pais, um
catequista,
o pároco ou alguma tia religiosa…). E ninguém de nós seria sacerdote ou
irmão,
sem alguma testemunha que fosse um
prolongamento do testemunho de Jesus, ou de Dom Orione, porque a
vocação
recebida nasceu e nasce sempre pelo testemunho de alguém; toda vocação tem a finalidade de gerar e de se tornar para os outros um testemunho daquilo que
existe em nós e em que nós acreditamos.[5]
O compromisso de ser testemunha da beleza do
seguimento de Cristo é próprio de todos os batizados, tanto dos leigos
como dos
sacerdotes e consagrados, para que novas vocações germinem pelo
testemunho de
uns e de outros. Nós, religiosos, somos especialmente chamados a dar
testemunho
de Jesus nos dois sentidos, como batizados e como consagrados. Fomos
chamados a
nos tornarmos anunciadores da vocação, para que o nosso testemunho fiel
traga
em si uma força irradiadora que chame a atenção e se torne um apelo. É
nesse
sentido e a esse propósito que o XIII Capítulo Geral nos recomenda que
desenvolvamos uma animação
vocacional e que trabalhemos nos âmbitos da formação, unidos às
Pequenas Imãs
Missionárias da Caridade, ao ISO e valorizando também a presença do MLO
(cf.
13CG, 109).
O Capítulo Geral nos convida ainda a um
cordial acolhimento dos jovens em nossas comunidades, para que esse
acolhimento
os faça experimentar a alegria de participar de nossa Família Orionita
(cf.
13CG, 108). Dom Orione escreveu a
esse
respeito: “Mas devemos chegar com todo
carinho e com muita delicadeza, com muita prudência também em nosso
modo de falar:
devemos antes renovar e transformar na caridade o coração dos nossos
jovens, renová-los
e transformá-los em
Jesus Cristo; mas se quisermos que eles ardam, devemos
antes
nós mesmos arder da caridade de Jesus;
tudo terá nova vida se levarmos ardentes em nossas
mãos, alta e bem alta em nossos corações a
lâmpada da caridade de Jesus Cristo. Um grande número de almas surgirá
em torno
de nós e fará brotar um fecundo e maravilhoso esplendor na Igreja de
Jesus Cristo Nosso Senhor, se assim rezarmos e assim trabalharmos.”
Uma cultura
vocacional
O XIII Capítulo Geral nos pede que criemos e promovamos uma
“cultura vocacional” (cf. 13CG, 107), o que pressupõe uma programação e uma
promoção vocacional dirigida de forma constante e criativa, no contexto
da
pastoral de conjunto (cf. 13CG, 110).
Conforme a própria palavra “cultura” já indica todos os campos da vida
humana,
não é para admirar que o Capítulo tenha indicado como campo de
interesse
vocacional a pastoral de conjunto, porque é preciso que ela abrace
todos os níveis
da vida humana e, a seguir, o Capítulo destaca alguns itens e pontos:
sensibilização das famílias, acompanhamento espiritual dos adolescentes
e
jovens, valorização dos grupos de coroinhas e de outros servidores do
altar, esforço
de atração de jovens voluntários..., fazendo propostas diretas e
explícitas aos
mais sensíveis (cf. 13CG, 107 e
110). Na verdade, esse empenho deve abraçar inclusive outros aspectos
de vida,
não indicados pelo Capítulo, mas que são igualmente importantes para a
promoção
da “cultura vocacional”.
O Centro Provincial Vocacional vem para ser um
centro propulsor, mas os verdadeiros protagonistas são as pessoas que
se comprometem
com a vida voltada a dar testemunho particular e comunitário; assim,
pois, o
sucesso dessa iniciativa dependerá sobretudo do compromisso pessoal de
cada um
dos religiosos. Dom Orione implorava aos seus religiosos que não se
descuidassem desse santo empenho: “Eu vos
suplico em Cristo, ó meus queridos filhos, que não deixeis de lado nada
daquilo
que Deus quer de mim e de Vocês em relação ao cuidado pelas vocações,
como
também aos Clérigos ou aos Aspirantes, por nossa santificação e pela
salvação
de muitas almas e de multidões de almas.” E o Capítulo ordena que toda comunidade
estabeleça o tempo
e os modos de atuação de iniciativas, explicitamente vocacionais, como
orações pelas
vocações, jornadas, retiros espirituais, palestras escolares, mês ou
semana
vocacional, panfletos, boletins e impressos vocacionais... (cf. 13CG,
111). Além disso, a própria
Igreja nos ensina que "além da oração
(...) é urgente que nos empenhemos com um anúncio explícito na
catequese
adequada... e que proponhamos corajosamente (e com alegria) através da
palavra
e do exemplo de nossa vida de seguimento de Cristo (...) investindo
nossas melhores
energias no trabalho vocacional juvenil” .
O Centro Provincial Vocacional promoverá a
“cultura vocacional” ajudando as comunidades cristãs a anunciar, chamar
e
acompanhar as vocações orionitas e outras mais. Promoverá a colaboração
de todos,
através de diversas iniciativas, tais como: o coerente testemunho de
vida, a oração
pelas vocações, a preparação de subsídios para a animação do “Dia
vocacional”,
a programação de semanas vocacionais, o empenho contínuo junto às
famílias e às
comunidades, para que redescubram sua função de mediação no anúncio e
no acompanhamento
das vocações, etc. O testemunho de vida madura, coerente e devota dos
pais e dos
familiares é o primeiro fundamento e a base da maturidade humana e
cristã das
vocações. Dom Orione escreveu: “Com a
piedade se cultivam as vocações, com a oração, com o bom exemplo,
com a frequência dos Santos Sacramentos, com nossa vida ilibada, com a
instituição
de piedosas associações, com a devoção terna a Nossa Senhora.”
Uma atenção particular merece a oração pelas
vocações (celebrações,
adorações, dias de oração, grupos de oração, etc.), especialmente a
oração que não
se limita a pedir a Deus o dom de vocações, mas a que gera na pessoa
que ora a
generosa disponibilidade aos apelos do Senhor a condição indispensável
para o
florescimento de uma vocação. Não se reza para “descarregar” a
responsabilidade sobre Deus, mas, sim, para pedir forças e sustentar o
compromisso pelas vocações, com a consciência que as vocações não são o
resultado cientificamente certo de nossas estratégias, iniciativas ou
previsões.
São, na verdade, e antes de qualquer coisa, “um dom de Deus e, por
isso mesmo, devemos suplicar de forma incessante e com toda confiança;
é essa oração
o eixo de toda a pastoral vocacional, que deve dar sentido, não só
alguns
indivíduos, mas a todas as nossas comunidades eclesiais”.[11] O XIII Capítulo Geral nos convida a rezar e a promover orações
pelas vocações, envolvendo em particular os confrades anciãos e
doentes,
os nossos pobres, e valorizando a difusão de orações em nível
provincial,
fazendo surgir um verdadeiro Movimento de Oração pelas Vocações (cf.
13CG,
106).
Conclusão
Sirva-nos de exemplo Dom Orione, com suas
orações, suas “questue delle vocazioni” (campanhas vocacionais) e suas
tantas
outras iniciativas que soube organizar pessoalmente até os últimos dias
de sua
vida, acompanhando jovens vocacionados, aos quais pregava “retiros
mínimos”;
foi desse seu trabalho surgiram belas figuras de religiosos, como Don
Ignazio
Terzi, Don Giuesppe Zambarbieri e vários outros.
Ouçamos por fim, uma vez mais, as palavras de
Dom Orione:
“Estou com
quase 50 anos, mas, pela graça de
Deus, me sinto ainda válido e robusto, a
ponto de poder trabalhar muito bem, sem por enquanto sentir necessidade
de ter
secretário. Se eu soubesse, porém, que, morrendo hoje, de minha tumba,
ou depois
de mim, haveria de surgir uma vocação, eu pediria a Deus que me
chamasse logo a
Ele: bastaria saber que haveria um padre a mais, um padre mais jovem do
que eu,
a quem eu pudesse transmitir a Cruz e o Evangelho de Jesus Cristo, e
uma
missão: a de suscitar vocações de amor ao Papa e às Almas.
Queridos
filhos, “confortamini et non
dissolvantur manus vestrae” (Sede fortes e não deixeis cair os braços):
dai a
Jesus Cristo, ao Papa e a este vosso irmão e Pai em Deus Nosso Senhor
a maior consolação: amai-vos uns aos outros com grande e divina caridade e cada um de vós se torne um caçador de almas
e de vocações.” (Scr
32, 16)
Don Silvestro Sowizdrzal FDP
conselheiro geral
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